O Papa emérito Bento XVI morreu aos 95 anos neste sábado (31), anunciou o Vaticano.
Joseph Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927 na cidade de Marktl, mas passou boa parte da infância e adolescência em Traunstein, perto da fronteira com a Áustria.
De família humilde e o mais novo de três irmãos, entrou para o seminário aos 12 anos e era fluente em diversas línguas, entre elas grego e latim. Mais tarde, fez doutorado em teologia na Universidade de Munique.
Ele foi escolhido papa no dia 19 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II, no mesmo ano.
- Contribuições do seu Papado:
Bento XVI, deu continuidade à sua linha intelectual, editando encíclicas e livros sobre importantes temas cristãos: amor, esperança, fé, Jesus Cristo. Documentos de tal organização teológica que possibilitam ser ele chamado de “intelectual da fé”.
No livro-entrevista, intitulado ‘Luz do Mundo: O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos’, baseado em vinte horas de entrevista conduzida pelo jornalista alemão Peter Seewald, revelou-se desencantado pelo que considerou exageros da Igreja em abrir-se de modo indiscriminado ao mundo; não apreciava interpretações demasiadamente positivas de um mundo sem fé. Como alternativa, sugere restaurar o equilíbrio de valores no interior do catolicismo, confirmando sua defesa à ortodoxia, indo contra o pensamento de reforma eclesial do Concílio Vaticano II.
A primeira encíclica, ‘Deus Caritas Est’, publicada em dezembro de 2005, mostra um papa preocupado em esclarecer os conceitos de amor do pensamento ocidental, tão relativizados no mundo atual: o ‘eros’, que é o amor erótico; o ‘ágape’, que é o amor incondicional, e o ‘philia’, que é a amizade.
Quando surgiram os escândalos de pedofilia na Igreja, ele dirigiu uma carta aos bispos da Irlanda, em 2006, onde reconheceu os fatos como “crimes hediondos”. Assumiu que cabia à Igreja solucionar eficazmente esse problema, mostrando a importância em estabelecer a verdade e o respeito, dando os passos necessários para que não voltasse a acontecer o que ocorrera no passado. Propôs que os princípios da justiça fossem assegurados às vítimas.
Dentre tantos países visitados, Bento XVI esteve no Brasil, entre os dias 09 e 13 de maio de 2007. O objetivo principal de sua presença foi a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, realizado no Santuário de Aparecida. Nessa ocasião, canonizou Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, em cerimônia realizada no dia 11 de maio de 2007, em São Paulo.
A segunda encíclica: “Spe Salvi”, publicada em novembro de 2007, fala do entendimento cristão sobre a esperança. Para ele, a vida do cristão deve ser cheia de esperança, sentimento que traz sentido à existência, de vez que Jesus mudou a história porque trouxe à humanidade a esperança de encontro com Deus, e não uma mensagem política qualquer.
Em 2008, recolocou no missal romano a oração pela conversão dos judeus, que era rezada antes do Vaticano II, mas havia sido retirada, por causar polêmica com os judeus.
Ainda em 2008, fez uma viagem aos EUA, onde se posicionou contra os casos de pedofilia, afirmando que os pedófilos seriam excluídos do ministério sagrado, em vista do comportamento incompatível com o sacerdócio. As vítimas têm necessidade de cura, de ajuda, de assistência, de reconciliação, cabendo à Igreja o dever de assumir isso como um grande compromisso pastoral. Sobre esse mesmo tema, em 2010, respondendo a jornalistas, afirmou que “o perdão não substitui a justiça; esta tem de ser real e prática”.
A terceira encíclica, ‘Caritas in Veritate’, ou ‘Amor à verdade’, publicada em Julho de 2009, aborda questões econômicas, esclarecendo que não cabe à Igreja oferecer soluções técnicas para os problemas econômicos, mas que ela pode apontar prioridades e valores. Menciona vários pontos pertinentes à doutrina social da Igreja, tais como a fome, ecologia, problemas relacionados às migrações, bioética e demografia. As “janelas do Vaticano” devem tê-lo ajudado a perceber a crise econômica em que a Europa está mergulhada e que compromete a fé.
- Renúncia
Em fevereiro de 2013, aos 85 anos, Bento XVI renunciou ao cargo. Em anúncio feito durante uma reunião com os cardeais, ele revelou o real estado de sua saúde.
“Após ter repetidamente examinado minha consciência perante Deus, eu tive certeza de que minhas forças, devido à avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado exercício do ministério de Pedro. ”
Com a renúncia formalizada no dia 28 de fevereiro de 2013, Bento XVI deixou oficialmente suas responsabilidades como o maior representante da Igreja Católica. Por ter abdicado o papado tornou-se Papa Emérito, que é o título dado a quem renúncia.
Ele foi substituído pelo argentino Jorge Mario Bergoglio, intitulado Francisco, em 13 de março de 2013, nosso atual Papa.
Oremos por Bento XVI, que Deus o acolha no Céu, que descanse em paz e em felicidade eterna.
Por: Marcio Kruger- Nova Eva Webradio
Fontes: CNN, VaticaNews e Portal A12